domingo, 28 de julho de 2013

Que tal, também, valorizar a sabedoria?!

Dia desses estava no trabalho e uma das estagiárias de 19 anos disse, com orgulho, que não era nascida quando um tal fato aconteceu. Aí uma tonta de 36 anos vira e diz que se sente humilhada com a juventude da tal estagiária. Como assim ter nascido depois dos acontecimentos é mérito?!! Vamos dar valor ao que tem valor! Desde quando ter vivido, ter presenciado, ter bagagem de vida, é algo menor do que simplesmente não ter passado pela vida? Os valores estão  invertidos!

Não é incomum ver jovens dizer com orgulho que não viram tal coisa, que não presenciaram, que não conhecem isso ou aquilo  porque é anterior ao seu nascimento. Para mim isso só quer dizer uma coisa, alienação. O que aconteceu antes de termos nascido, explica o porquê de estarmos assim hoje. E algo que aconteceu no passado não é menor do que algo que acontece no presente. A valorização da juventude é algo tão absurdamente emburrecedor, que um jovem vazio de experiência está num patamar superior a um idoso que tem muito a contar sobre o que viu e viveu.

Não, não estou aqui para dar uma de hipócrita e dizer que desprezo o valor da juventude, que não quero me manter o mais jovem possível. Não é isso, acho que as duas coisas podem andar paralelamente. Cultivar hábitos saudáveis, ter sua vaidade, mas também valorizar a experiência de vida, coisa que só os mais velhos tem. Jovens por mais inteligentes que sejam, por mais que aprendam rápido, precisam dos anos para solidificar e amadurecer suas opiniões. Vivência é algo que não se adquire de uma hora para outra, não se compra, não se nasce com ela. Só o passar dos anos te traz isso. Então vamos admirar e não desprezar como se fosse um defeito.

E também não fiz esse texto para diminuir a importância dos mais jovens. Jamais! Inteligência, capacidade e talento é algo que independe de idade e qualquer um, em qualquer idade pode ser brilhante. Mas experiência e vivência, só os mais velhos tem. Alias é a única parte boa de envelhecer, é exatamente a parte que vejo todos desprezando, tanto do lado dos jovens, quanto das próprias pessoas com mais idade, que se acham menos porque viveram mais. Isso realmente, volto a repetir, é uma inversão total de valores!! Infelizmente vivemos numa sociedade fútil em essência.

Gosto bastante de ouvir o que os mais velhos tem a dizer e geralmente dizem muito. A experiência de vida traz um olhar diferenciado e amadurecido sobre o mundo, algo gostoso de ser ouvir e de se absorver. Definitivamente não tem nada de errado em ter vivido na época que não existia isso ou aquilo, ou que não acontecia isso ou aquilo. Essas pessoas viram tudo mudar desde o início. Esse é o lado super legal de se viver mais, que é realmente ter visto mais, ter experimentado mais.

domingo, 21 de julho de 2013

Narcisismo patológico...


Todos nós em maior ou menor grau temos nosso grau de narcisismo. Caso contrário as redes sociais não teriam dado tão certo. Todos nós gostamos de ser desejados, aprovados e em muitos casos o que se busca é a a idolatria. Mas hoje quero abordar o outro lado,  quando o narcismo deixa de ser uma característica inerente ao ser humano, para se tornar algo doentio. Quando a pessoa perde a noção que a vida do outro tem tanta importância quanto a dela e daí quer se tornar o centro das atenções o tempo todo.

Quem não conhece aquela criatura que só seus problemas são terríveis, que só suas alegrias merecem ser contadas inúmeras vezes, que só sua vida realmente tem graça? Isso é o que a gente acha quando nos deparamos com esse tipo, mas depois da opinião de um filósofo a respeito,  vi que é exatamente o contrário, a pessoa se acha pouco demais e tenta suprir isso se colocando como centro. Isso se parece muito com o complexo de superioridade, em que o indivíduo afirma o tempo todo o quanto é bom, diminui quem está ao redor, para ele mesmo acreditar que é competente, habilidoso, talentoso. 

No caso do narcisismo patológico (o "patológico" é por minha conta... rs) a pessoa tem uma autoestima tão baixa, que se volta totalmente para si num movimento de salvar a sua individualidade. Ou seja,  se sente tão por baixo, que vira todos os "holofotes" em sua direção, para que as pessoas a aprovem e assim possa se sentir menos por baixo. Mas na verdade, creio que um movimento não alimenta o outro e a coisa simplesmente não tem fim. A pessoa fica autocentrada para ter a aprovação das pessoas e quando os outros percebem isso, se afastam e a criatura continua pedindo aprovação. Num ciclo vicioso sem fim.

Claro que não pude deixar de pensar em quanto disso me encaixo. Porque minha autoestima não é das melhores, sempre admiti isso. Mas fiquei refletindo muito e acho que me encontro no meio do caminho. Tem muitos momentos que quero toda a atenção para me sentir aprovada, mas acho que no geral sei escutar o outro, me interesso pelo mundo. Acho mesmo que vivo fases de narcisismo patológico no sentido de buscar aprovação por conta da baixo autoestima. Mas não sou a chata que só fala de si o tempo todo, isso definitivamente não sou. Tenho plena consciência que as pessoas não estão interessadas nas miudezas da minha vida, talvez nem mesmo nas coisas importantes. Cada um está preocupado com sua vida. Aliás quando o assunto é falar, escolho sempre o que dizer, sou de poucas palavras.  De qualquer maneira tem algo de patológico, nesse sentido, em mim... rsrs. Só não sei identificar muito bem como isso se manifesta.

Fiquei tentando encaixar pessoas do meu convívio nesse perfil e obviamente me vieram algumas, vocês também vão perceber. São aquelas que atribuem qualidades a sim que definitivamente não possuem. São aquelas que falam demais e contam pormenores das sua vida como se fossem coisas importantíssimas, e que acham que estão agradando, ou nem sei se acham, ou se precisam só de um ouvido para poder falar sem fim. Odeio quem fala demais, aquela pessoa que você diz oi e a pessoa conta a vida. Nossa, não existe nada que me irrite mais!! Talvez por isso eu fale pouco.

Toda semana digo para mim mesma que não tenho mais nenhum assunto para abordar no blog, daí vejo um programa, uma entrevista, leio alguma coisa e o assunto entra na minha mente e vira um post. Foi o que aconteceu vendo o Saia Justa dessa semana, quando assisti a opinião do Luiz Felipe Pondé, que é um filósofo que adoro, sobre esse tema. Vou deixar o link com o vídeo de 2 minutos em que ele fala sobre esse assunto e foi o que me inspirou esse post, vale conferir.



domingo, 14 de julho de 2013

Pessoas que buscam relacionamento de forma estranha...


Às vezes sinto vontade de fazer algum movimento, qualquer coisa em busca de um relacionamento amoroso, porque sinto falta, como todo mundo sente. Mas sinceramente o desespero das pessoas a minha volta é tão grande, as maneiras como as solteiras e os solteiros buscam relacionamentos é algo tão estranho que acabo simplesmente ficando na minha, com medo de acabar como essas pessoas.

É óbvio que se a gente não se colocar disponível ninguém vai bater na porta da sua casa dizendo que te ama. Já até aconteceu comigo, mas foi a maior furada por que passei. Quem acompanha o blog lembra da história do canalha. Bem, então concordo que a gente tem que se colocar disponível, atentos a quem está nossa volta e tal, mas o que vejo no geral não é isso, o que percebo são pessoas que armam estratégias de todos os tipos para arrumar alguém como se estivesse em busca de algo imprescindível e urgente.

Trabalho com uma mulher que ela é o exemplo vivo disso. Quando ela está solteira é como se  tivesse perdido o emprego. Daí começa a fazer todos os programas que normalmente não fazia e a conversar com todos os homens como se eles fossem ocupar um cargo na vida dela. A busca é estranha mesmo, ela vai para a balada e fica em pé num canto esperando que os "candidatos" cheguem, daí faz uma série de perguntas e se o cara não se encaixar no que espera, parte para outro. Eu acho isso estranho demais da conta!

Vendo o Saia Justa dessa semana a Barbara Gancia disse uma coisa certíssima. As pessoas não buscam uma pessoa para se relacionar, mas um modelo que se encaixe nas suas expectativas. No geral todos nós temos tendência a fazer isso, mas cabe a nós nos policiarmos e não alimentar esse tipo de comportamento. Então a pessoa só vai ficar com alguém se ele se encaixa em uma série de pré-requisitos básicos? Onde fica o deixar a coisa acontecer para ver se dá certo? 

Outra coisa que me incomoda, até porque já passei por essa fase e sei que é meio que uma furada, é a pessoa ficar em sala de bate papo, sites de relacionamentos, idealizando quem está do outro lado. Olha, pode ser que isso tenha dado certo para alguém, até sei de alguns casos. Mas no geral a chance disso acabar só num encontro ou numa decepção, é grande, porque se pessoalmente, olhando para a criatura em carne e osso, a gente já idealiza, imagina dentro da nossa casa, lendo frases super elaboradas que alguém te manda e vendo as melhores fotos dela, ou o melhor ângulo no vídeo? A possibilidade da gente fantasiar é enorme e quanto mais expectativas mais chance de decepção, todos sabemos disso.

Por essas e outras que nem sei o caminho de um encontro legal acontecer, sinceramente não sei. Sei de alguns caminhos que definitivamente não funcionam para mim. Acho mesmo que esse tipo de coisa pertence ao destino, ao acaso. Porque meus melhores relacionamentos surgiram quase do nada, não foram em baladas, em festas, em grande eventos, ou em buscas na internet, foram no dia a dia mesmo, no cotidiano banal que eles apareceram. Acho que é meio como diz Caetano Veloso: "- É estranha a força que as coisas parecem ter, quando elas precisam acontecer". Nesse setor, se não rolou é porque não tinha que ser, acredito nisso.

domingo, 7 de julho de 2013

Meu lado autodestrutivo...

(adoro a Amy, mas ela representa bem o que vou abordar hoje)
Em se tratando de autodestruição as pessoas diferem bastante, umas são bem autodestrutivas e outras ao contrário estão sempre se reconstruindo não importa o que aconteça. Mas existem as pessoas como eu, que tem os dois lados agindo quase que simultaneamente, em umas fases tenho uma tendência a detonar minha vida,  em outras uma enorme capacidade de reconstruir. A batalha entre esses dois universos me cansa bastante.

Lá na minha adolescência e início da fase adulta, posso dizer que eu era 80% autodestrutiva. Quem chegou a ler o livro que disponibilizei, pode verificar que só não morri porque não era para ser mesmo, porque corri muitos riscos, não me importava se iria morrer ou não, na verdade nunca tive e nem tenho medo da morte, é algo que até daria outro post. Então vivia como se não houvesse amanhã, tinha um prazer mórbido em fazer tudo ao contrário, em chocar, em escandalizar, em contrariar. E me sentia intimamente satisfeita quando estava detonando minha vida. Hoje entendo que grande parte disso era porque queria muito me livrar do corpo masculino que sentia não pertencer a mim. O corpo funcionava como uma prisão e destrui-lo significava, emocionalmente,  me libertar.

Quando falo em autodestruição não estou dizendo que meu desejo é me matar. Até foi há muito anos atrás, mas faz tempo que isso não passa mais pela minha cabeça. A autodestruição que falo é algo mais como um processo negativo, algo que vai na contramão de tudo e sim, pode em alguns momentos colocar a vida em risco, mas  não de forma consciente.

Claro que chegou um momento em que tive que optar e foi a partir daí que começou a batalha entre meus dois lados. Muita gente que me conhece só pelos meus posts ou só depois que me tornei a Cris, pode achar que estou exagerando quando digo que sou essencialmente autodestrutiva, mas sou. O que acontece é que tenho uma característica que me ajuda muito, que é uma grande determinação quando quero agir em cima de algo. E uso essa determinação para sufocar esse meu lado destrutivo, que é forte.

Depois de um tempo aprendi a usar a determinação não só para sufocar o lado destrutivo, mas também para reconstruir minha vida. Acho mesmo que a minha determinação foi o que me salvou e salva até hoje. Nos momentos em que estou no limite, quase desistindo, quase me entregando para esse lado negro, vem uma força que parte dessa determinação e bloqueia.

Dessa maneira, aparento para as pessoas ser uma pessoa construtiva e que age para o positivo com certa facilidade, mas na verdade o que existe mesmo é uma grande batalha para sufocar esse meu lado negro, que parece sempre está lá me chamando, me arrastando, consumindo minha vontade de existir. 

Acho que me darei como vitoriosa se ao final da minha vida perceber que consegui viver mais tempo construindo do que destruindo, nesse momento eu saberei que venci. Porque a batalha entre os dois lados segue com o lado construtivo ganhando no momento, mas estou sempre atenta.